sexta-feira, 31 de julho de 2015
Segundo Leonardo Dantas...
É FREVO, MEU BEM!
(Leonardo Dantas Silva)
Não sei se devo, ou não devo dizer, mas digo afinal:
– Se até Roma fosse o Frevo, teria a Bênção Papal!
(Austro Costa)
(Leonardo Dantas Silva)
Não sei se devo, ou não devo dizer, mas digo afinal:
– Se até Roma fosse o Frevo, teria a Bênção Papal!
(Austro Costa)
No bairro recifense de São José, um clarim ecoa dentro da noite.
Seguem-se o rufar dos taróis, a cadência binária do surdo, os acórdes dos metais e a marcação dos tubas.
À medida que o cortejo se aproxima, sentimos a presença das palhetas (requinta, saxofones e clarinetas), como a responder um diálogo com os metais.
De todas as partes aparece gente.
Nas ruas estreitas do poético e tradicional bairro recifense, homens, mulheres e até crianças correm dentro da noite, aos tropeções, com um sorriso nas faces e uma demonstração de felicidade, produzidos, como que por uma mágica, por aqueles acordes ainda distantes.
Velhos abrem as portas de casas estreitas, passando a caminhar apressadamente pelas calçadas. Quem não pode se locomover, fica apreciando a multidão das janelas e das sacadas das varandas. Parece que a loucura tomou conta do mundo.
– É ele que vem...
– É Vassoura, arreparem os foguetes!
– Está na Rua das Calçadas, vamos atalhar pelo Beco do Sirigado...
Um estandarte, bordado com fios de ouro e cheio de lantejoulas e pedrarias apliocadas, preso a uma haste de metal de cerca de três metros, encimado por duas “vassourinhas”, cruzadas, parece flutuar, em plena noite do Recife, com suas evoluções sobre multidão heterogênea. Não tem mais o que discutir: é o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas que sai de sua sede em mais um dos seus ensaios de rua.
A multidão vai se avolumando, comprimindo-se, já tomando direção da Rua Direita, enquanto os acordes de um binário sacolejante tornam-se mais presentes e colocam o povo em alvoroço: homens abraçados uns aos outros, outros sozinhos fazendo complicados passos, enquanto no meio da onda já aparecem dezenas de sombrinhas.
Pernadas, cotoveladas, pisadelas e empurrões não são sentidos em meio a tal confusão. Os demônios tomaram conta das ruas, antes tranquilas e até soturnas. As mulheres vão chegando e logo retiram os sapatos e sandálias, para com eles calçarem às mãos, enquanto procuram um lugar “menos pesado” na frente ou no “rabo” do clube.
É Vassouras no bairro de São José; o frevo tomando conta do mesmo Recife que o viu nascer, fazendo ferver as ruas que lhe serviram de berço. Ou como diria um homem do povo:
– É Vassouras que vem frevendo!...
ILUSTRAÇÃO: Fábio Luna
Curtam O FREVO NA RURAL
segunda-feira, 27 de julho de 2015
Segundo Valdemar...
O
FREVO
(Valdemar de Oliveira)
O frevo – palavra exótica – tudo que é bom diz, exprime. É inigualável, sublime, termo raro, bom que dói. Vale por um dicionário, traduz delírio, festança, tudo salta, tudo dança, tudo come, tudo rói.
Somente Pernambuco possui uma música e uma dança carnavalescas que são coisas sua, original, que se criou no meio do povo, quase espontaneamente, e se cristalizou depois, como traço marcante de sua fisionomia urbana. Urbana sim. Porque foi, de fato, no Recife, que isso tudo aconteceu, no Recife dos fins do século XIX. É impossível distinguir bem: se o frevo, que é a música, trouxe o passo ou se o passo, que é a dança, trouxe o frevo. É possível, porém, afirmar que o frevo foi invenção dos compositores de música ligeira, feita para o carnaval, enquanto o passo brotou mesmo do povo, sem regra nem mestre, como por geração espontânea. Os nomes de batismo vieram depois de nascida a criança, já ela crescida e dona de si.
As raízes do frevo e do passo são muito superficiais. Não são como as do maracatu, que mergulham na escravidão. Nem como as dos caboclinhos, que vêm dos tempos dos colonizadores, sabe-se lá. Nem negro, nem índio, nem branco luso, espanhol ou holandês. Se se tivesse de despistar a filiação genealógica, avós e pais apareceriam bem mestiços. Mulatos. Foi o capoeira do Recife, o ancestral do passo. E o frevo, esse surgiu de uma mistura heterogênea, cujos ingredientes têm menos interesse do que a criação coletiva que deles nasceu. Talvez fosse até melhor tomar por empréstimo ao vocabulário da Química – “combinação” em vez de “mistura”. Porque o frevo constitui, na verdade, um terceiro corpo, nada parecido com os que lhe deram vida.
Fiquw de olho em O FREVO NA RURAL
(Valdemar de Oliveira)
O frevo – palavra exótica – tudo que é bom diz, exprime. É inigualável, sublime, termo raro, bom que dói. Vale por um dicionário, traduz delírio, festança, tudo salta, tudo dança, tudo come, tudo rói.
Somente Pernambuco possui uma música e uma dança carnavalescas que são coisas sua, original, que se criou no meio do povo, quase espontaneamente, e se cristalizou depois, como traço marcante de sua fisionomia urbana. Urbana sim. Porque foi, de fato, no Recife, que isso tudo aconteceu, no Recife dos fins do século XIX. É impossível distinguir bem: se o frevo, que é a música, trouxe o passo ou se o passo, que é a dança, trouxe o frevo. É possível, porém, afirmar que o frevo foi invenção dos compositores de música ligeira, feita para o carnaval, enquanto o passo brotou mesmo do povo, sem regra nem mestre, como por geração espontânea. Os nomes de batismo vieram depois de nascida a criança, já ela crescida e dona de si.
As raízes do frevo e do passo são muito superficiais. Não são como as do maracatu, que mergulham na escravidão. Nem como as dos caboclinhos, que vêm dos tempos dos colonizadores, sabe-se lá. Nem negro, nem índio, nem branco luso, espanhol ou holandês. Se se tivesse de despistar a filiação genealógica, avós e pais apareceriam bem mestiços. Mulatos. Foi o capoeira do Recife, o ancestral do passo. E o frevo, esse surgiu de uma mistura heterogênea, cujos ingredientes têm menos interesse do que a criação coletiva que deles nasceu. Talvez fosse até melhor tomar por empréstimo ao vocabulário da Química – “combinação” em vez de “mistura”. Porque o frevo constitui, na verdade, um terceiro corpo, nada parecido com os que lhe deram vida.
Fiquw de olho em O FREVO NA RURAL
domingo, 26 de julho de 2015
Presente
Ilustração feita por Bruno Alves exclusivamente para o projeto O FREVO NA RURAL
Gratidão Bruno!
Emoticon smile
Gratidão Bruno!
Emoticon smile
sexta-feira, 10 de julho de 2015
sexta-feira, 3 de julho de 2015
Férias!
Aos amantes e estudiosos do Frevo, vale a pena visitar o Paço do Frevonestas férias!!
Lembrando que voltaremos com as oficinas do Projeto O FREVO NA RURAL no dia 07/08/2015
Evoé ao Frevo e até lá! Emoticon wink
Evoé ao Frevo e até lá! Emoticon wink
Veja o vídeo do Paço
Assinar:
Postagens (Atom)